Alexandre Henrique Gruszynski, com a colaboração de Eunice de Fátima da Rocha Fochi
A alva, com seus complementos amicto e cíngulo é veste comum a todos os ministros ordenados e aos leigos instituídos em um ministério (IGMR 336, CE 65), ressalvado que a Conferência de Bispos pode aprovar outra veste para os ministros leigos (IGMR 339; 390). Corresponde à primitiva veste simples, branca (daí o nome atual), chamada então de línea (porque de linho) e parece com uma vasta camisa (em italiano é chamada de camice…), cingida por um cordão (por isso denominado cíngulo) e complementada em torno do pescoço pelo amicto (em forma de retângulo ou de capuz), que cobre as vestes comuns, protege a estola, a casula e a dalmática e serve de acabamento estético.
O tecido há de ser obrigatoriamente branco, como o diz o nome da veste; bem encorpado, para dar o caimento adequado e opaco, de forma a não permitir a visão da roupa comum. Não tem sentido a pretensão de “enfeitar” a alva com bordados, “rendinhas” ou “rendonas” que, ao revelar o traje que fica por baixo (clerical ou civil), descaracterizam e desvirtuam a autenticidade própria da alva. Encontram-se muitos desses exemplos na Internet, como mostrado abaixo. Evidentemente, pelo resultado, não se apresentam como alvas, ainda que assim sejam falsamente denominadas.
A alva é uma veste que necessariamente há de ter em conta as medidas próprias da pessoa à qual está destinada. As medidas adiante especificadas servem apenas como uma referência e, por isso, nem a altura da alva está marcada. Assim, as medidas deverão ser correspondentemente ajustadas – aumentadas ou diminuídas conforme o peso, a largura dos ombros e a altura da pessoa.
De acordo com a largura do tecido, marcar as peças a serem cortadas: dois corpos, duas mangas e uma gola. Importa não esquecer o acréscimo necessário para as costuras e bainhas, sendo que a bainha inferior deve ter pelo menos 10 cm e as das mangas pelo menos 5 cm (melhor mais um pouco).
O esquema proposto corresponde a alguém nem obeso nem muito magro, com altura entre 1,65 e 1,75 m. A parte traseira do corpo será menos recortada na gola e a parte dianteira mais. Se possível, deve-se deixar para fazer esse recorte ao experimentar no corpo, lembrando sempre de deixar margem para a costura. A parte traseira também habitualmente deverá ser um pouco mais comprida em baixo, a não ser para pessoas de espinha extraordinariamente vertical. A definição da bainha inferior deve ser feita ao final, marcando-a com a veste no corpo da pessoa. É importante, como já dito acima, deixar bastante tecido para essa bainha inferior, de modo a que seu peso resulte em bom caimento. Ao fazer a costura lateral do corpo da alva convém deixar sem fechar, de cada lado, um trecho a cerca de 17 cm da cava e com 24 cm aproximadamente, conforme indicado no desenho. Essa abertura destina-se a dar acesso aos bolsos das calças e seria recomendável que tivesse um acabamento interno (ver foto abaixo).
Para a gola deve ser cortada uma tira reta com cerca de 50 cm de comprimento por 10 cm de largura. Esta tira deve ser dobrada ao meio no sentido do comprimento e alinhavada ao recorte deixado para o pescoço na veste já montada (corpo com mangas), tendo o cuidado de também dobrar para dentro as extremidades da mesma tira.
Observar nas fotos a colocação da gola:
- começar de diante para trás, no ângulo formado pelo zíper com a costura do ombro;
- dali dar a volta por trás e passar para a frente, até alcançar de novo o zíper pelo outro lado;
- ultrapassar o zíper e continuar por mais 5 a 7 cm aproximadamente.
Estes 5 a 7 cm ficarão depois por cima do início da mesma gola, prendendo-se com um pedaço de fecho velcro (parte aveludada na parte da gola que fica por baixo, isto é, o início da gola, e parte áspera na ponta que vai por cima).
↑ Detalhe da gola, com a parte aveludada do fecho Velcro e o início da volta da gola, a partir do encontro da abertura dianteira (zíper) com a costura do ombro.
↑ Detalhe da gola: a outra extremidade, vista por dentro, com a parte que ultrapassa a abertura dianteira (zíper) e o lado áspero do fecho Velcro.
↑ Como fica a gola, uma vez fechado o zíper e colocada a extremidade final da mesma gola sobre o seu início, aderindo mediante o fecho Velcro.
Também pode ser usado algum outro tipo de fecho (fotos abaixo):
Se for julgado necessário, a gola pode receber um forro interno (entre as duas partes dobradas) para ficar mais firme, mais rígida.
Atenção: não fazer a abertura do pescoço muito pequena, nem a gola muito curta; lembrar-se de que entre a gola e o pescoço (e eventualmente mais a gola da camisa) ficará ainda o amicto.
Vista geral da alva:
A alva pode também ser modelada com as mangas em raglã, como se vê nos esquemas que seguem; nesse caso o fecho zíper pode ser vantajosamente colocado entre a frente da veste e a manga (preferencialmente à esquerda, a não ser que o usuário seja canhoto). O fechamento, assim, ficará mais discreto do que no modelo com mangas convencionais.
NOTA COMPLEMENTAR:
O uso do amicto só seria obrigatório com a alva quando esta não recobrisse, em torno do pescoço, o traje dito civil ou secular. Civil, aqui, significa o de uso na sociedade civil, abrangendo, portanto, o traje caracteristicamente clerical, como batina ou clergyman. O modelo de alva acima descrito normalmente recobrirá tal traje civil ou secular, mas sempre dará a impressão de faltar alguma coisa, faltar um acabamento em torno do pescoço. Sem amicto, a alva em torno do pescoço lembrará o traje do dentista, do médico, do barbeiro, do verdureiro… Não o do ministro litúrgico. O amicto, usado adequadamente, isto é, baixado da cabeça só depois de fechada a alva, dará o desejável acabamento, além de proteger do suor do portador a própria alva, como também a casula ou dalmática e, principalmente, a estola, reduzindo com vantagem estética as manchas e o desgaste nos outros trajes.♦